SAAE ANALISA CRIAÇÃO DE LEI PARA MULTAR QUEM DESPERDIÇA ÁGUA

- 25-09-2017
Com menos de uma semana de chuvas num período de mais de 90 dias de estiagem, o Serviços Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) está preocupado com o crescente consumo de água nos dias cada vez mais quentes. O forte calor tem feito o rio-pedrense gastar mais água, especialmente aos sábados e domingos. Com a capacidade limitada de produzir água tratada, os bairros mais altos da cidade estão sofrendo com a falta d’água.
“Apelamos para a consciência dos cidadãos. Economizem água, evitem o desperdício. Se for lavar o carro, use um esguicho. Se for lavar a calçada, use uma vassoura. Se for possível mudar o dia para realizar essas tarefas, que façam de segunda à sexta”, explicou Daniel Gonçalves, superintendente da autarquia.
Para melhor entender a situação, entrevistamos o responsável pelo SAAE.
Existe o risco de haver racionamento em Rio das Pedras?
Daniel Gonçalves (SSAE) – Diante da forte estiagem, não podemos descartar essa hipótese. Contudo, nossos reservatórios de água bruta estão cheios. Se chover até o final de outubro conseguiremos prolongar a situação sem a necessidade de racionamento. Alguns municípios da região já estão fazendo racionamento. Vamos segurar ao máximo essa possibilidade. Porém, para isso, precisamos da colaboração da população na hora de economizar água.
Por que falta água, especialmente aos finais de semana e feriados, em bairros como São Cristóvão?
SAAE – Nesses dias é quando ocorre o maior consumo de água. Para piorar a situação, algumas pessoas estão esvaziando piscina que têm em casa ou em chácaras para trocar a água, ao invés de utilizar produtos de limpeza. A produção de água tratada não é suficiente encher os reservatórios dos bairros, que esvaziam e falta água. Os bairros mais altos, como o São Cristóvão II, são os que sentem primeiro.
Como melhorar o abastecimento no São Cristóvão?
SAAE – O São Cristóvão tem um problema crônico no perímetro entre as ruas Gerônimo Guilherme Peroza e Pedro Cezarin. A rede de distribuição tem as chamadas pontas secas, ou seja, a rede se encerra no cruzamento dessas ruas com rua João Augusti. Como resultado, a água chega com tão pouca pressão que não tem força suficiente para chegar às caixas d’água. Para resolver o problema, dentro de 15 dias planejamos realizar a interligação da rede local. Fecharemos o circuito. Com isso a água circulará com mais força. O processo é semelhante ao feito no Bom Jardim, que passava por situação semelhante. Essa alteração não irá prejudicar em nada a distribuição de água para os outros bairros.
A região do Bom Jardim é outra que sofria com o abastecimento de água. Como está a situação do bairro?
SAAE – O problema no Bom Jardim era ainda mais grave do que no São Cristóvão. Fizemos a interligação da rede, recuperamos e colocamos a caixa d’água do São Pedro para funcionar. Isso melhorou muito a situação da região. Contudo, a região é atendida exclusivamente pela ETA III (Estação de Tratamento de Água), que tem sua capacidade limitada. Para evitar que falte água, especialmente aos finais de semana, estamos analisando a possibilidade de instalar um reservatório de água maior do que o já existente e coloca-lo próximo a caixa d’água do bairro.
Existe a possibilidade de perfurar poços artesianos para aumentar a capacidade de produção de água tratada?
SAAE – Sim. Inclusive, geólogos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) já estiveram em Rio das Pedras para analisar locais onde podem ser perfurados poços nos bairros São Cristóvão e Bom Jardim. Contudo, a viabilidade dos poços depende do Estado. A obra será feita com verba do Governo Estadual.
São constantes as notícias de que você e o prefeito Carlos Defavari têm cobrado do Estado o repasse para a construção de uma nova ETA e a conclusão da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto). O que falta?
SAAE – Apresentamos ao Estado os projetos e documentações necessários para a construção da ETA e finalizar a ETE. Cobrados o governador, o secretário de Recursos Hídricos e solicitamos apoio de deputados. Não temos como fazer mais do que isso. O município não tem dinheiro para fazer as obras, a verba para isso virá do Governo do Estado, que está sem recursos.
Em quais condições estão os equipamentos do SAAE?
SAAE – Quando assumimos a autarquia, no início do ano, a situação era calamitosa. Equipamentos sucateados, sem qualquer condição de serem utilizados. A dívida passava dos R$ 6 milhões, mais do que a receita do ano inteiro. Recuperamos parte das bombas conforme a disponibilidade financeira. Fizemos reparos no local mesmo, muitas vezes com mão de obra própria, para evitar demora na execução do trabalho e gastos além do que poderíamos arcar. Nossa dívida foi parcelada, mas deixou reflexos. Hoje não conseguimos comprar produtos químicos de forma parcelada. Sem crédito na praça, temos que comprar tudo a vista.
O que é preciso para melhorar a situação do abastecimento de água em Rio das Pedras?
SAAE – Para que tenhamos folga nos reservatórios de água tratada dos bairros, precisamos de uma nova ETA. É preciso evitar queimadas em terrenos, que geram fumaça e fuligem. São mais sujeira e ar seco para a população. Estamos fazendo o corte da água para os inadimplentes, sem distinção de classe social ou nome de família. É preciso que a população se conscientize e economize.
Não é raro escutar a expressão “eu uso a água como eu quiser, pois sou eu quem paga”. Está certo isso? Como coibir o consumo excessivo?
SAAE – Uma pessoa que dia isso não pensa no próximo. Não pensa nela mesma, pois poderá sofrer as consequências de um racionamento. É preciso disciplinar como estamos fazendo com os casos de inadimplência. Vamos a caça de gatos na rede de distribuição de água. E não pense que isso ocorre apenas nos bairros populares. Tem muita casa grande e chácaras de veraneio com ligações irregulares. Vamos atrás de todos.
Quanto a coibir o consumo excessivo, estamos viabilizando uma lei para disciplinar o uso da água. A intenção não é multar ninguém, mas infelizmente em alguns casos será necessário.
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